Quem / Who -Sri Aurobindo, poema traduzido

Quem

 

No azul do céu, no verde da floresta,

De Quem é a mão que ornamentou o brilho?

Quando os ventos repousavam no úbere do éter,

Quem os despertou e fê-los soprar?

 

Ele se perde no coração, na caverna da Natureza,

Ele é encontrado no cérebro onde constrói o pensamento:

Na tessitura e florescer das flores entremeado,

Na luminosa rede de estrelas Ele aprisionado.

 

Na força do homem, na beleza da mulher,

Na risada de um rapaz, no rubor de uma moça;

A mão que faz rotacionar Júpiter pelos céus

Usa toda a sua perspicácia para desenhar uma curva.

 

Lá estão Suas obras e Seus véus e Suas sombras;

Mas onde Ele está, então, e por qual nome é conhecido?

Ele é Brahma ou Vishnu, homem ou mulher?

Corpóreo ou incorpóreo? Gêmeo ou solitário?

 

Amamos um rapaz negro e resplandecente;

Uma mulher é nossa Senhora, nua e feroz.

Vimo-Lo refletir na neve nas montanhas,

Observamo-Lo laborar no coração das esferas.

 

Ele contará ao mundo Seus meios e Sua esperteza;

Tem o enlevo de tortura e paixão e dor;

Deleita-Se em nossa tristeza e empurra-nos a chorar

E então nos isca novamente com Sua alegria e beleza.

 

Toda música não passa do som da sua risada,

Toda beleza, o sorriso do Seu deleite apaixonado;

Nossas vidas são o pulso de Seu coração; nosso enlevo

O noivado de Radha e Krishna; nosso amor, seu beijo.

Ele é a força que soa no clangor dos trompetes

E cavalga a carruagem e bate nas lanças;

Mata incansavelmente e é repleto de compaixão.

Ele guerreia pelo mundo e seus anos derradeiros.

 

No meneio dos mundos, no surgimento das eras,

Inefável, poderoso, majestoso e puro,

Além do último ápice tocado pelo pensador

Ele é entronado em Seus assentos sempiternos.

 

O Mestre do homem e seu Amante infinito

É próximo dos nossos corações – tívessemos visão a enxergar;

Somos cegos pelo orgulho e pompa das nossas paixões,

Somos presos em nossos pensamentos que nos fazem pensar livres.

 

É Ele no sol que é eterno e imorredouro,

E na meia-noite Sua sombra se alarga;

Quando a escuridão era cega e envolta em escuridão,

Sentado nela estava Ele, imenso e sozinho.

(tradução de Patanga Cordeiro)

 

Who

In the blue of the sky, in the green of the forest,
Whose is the hand that has painted the glow?
When the winds were asleep in the womb of the ether,
Who was it roused them and bade them to blow?

He is lost in the heart, in the cavern of Nature,
He is found in the brain where He builds up the thought:
In the pattern and bloom of the flowers He is woven,
In the luminous net of the stars He is caught.

In the strength of a man, in the beauty of woman,
In the laugh of a boy, in the blush of a girl;
The hand that sent Jupiter spinning through heaven,
Spends all its cunning to fashion a curl.

There are His works and His veils and His shadows;
But where is He then? by what name is He known?
Is He Brahma or Vishnu? a man or a woman?
Bodies or bodiless? twin or alone?

We have love for a boy who is dark and resplendent,
A woman is lord of us, naked and fierce.
We have seen Him a-muse on the snow of the mountains,
We have watched Him at work in the heart of the spheres.

We will tell the whole world of His ways and His cunning;
He has rapture of torture and passion and pain;
He delights in our sorrow and drives us to weeping,
Then lures with His joy and His beauty again.

All music is only the sound of His laughter,
All beauty the smile of His passionate bliss;
Our lives are His heart-beats, our rapture the bridal
Of Radha and Krishna, our love is their kiss.

He is strength that is loud in the blare of the trumpets,
And He rides in the car and He strikes in the spears;
He slays without stint and is full of compassion;
He wars for the world and its ultimate years.

In the sweep of the worlds, in the surge of the ages,
Ineffable, mighty, majestic and pure,
Beyond the last pinnacle seized by the thinker
He is throned in His seats that for ever endure.

The Master of man and his infinite Lover,
He is close to our hearts, had we vision to see;
We are blind with our pride and the pomp of our passions,
We are bound in our thoughts where we hold ourselves free.

It is He in the sun who is ageless and deathless,
And into the midnight His shadow is thrown;
When darkness was blind and engulfed within darkness,
He was seated within it immense and alone.

-Sri Aurobindo

Aceno / Invitation -Sri Aurobindo, poema

Aceno

 

Com o vento e o tempo flamulando a meu redor

Subo à montanha e à charneca.

Quem virá comigo? Quem subirá comigo?

Cruzar o riacho e pisar a neve?

 

Não no mesquinho círculo das cidades

Restrito pelas suas portas e paredes eu habito;

Sobre mim Deus é o azul no céu,

Contra mim o vento e tempestada rebelam.

 

Brinco com a solidão nestas minhas terras,

Fiz-me companheiro das minhas más venturas.

Quem vive solto? Quem vive livre?

Suba a estas terras varridas pelo vento.

 

Sou o Senhor da tempestade e montanha,

Sou o Espírito da liberdade e orgulho.

Hirto deve ser e familiar do perigo aquele

Que compartilha do meu reino e caminha a meu lado.

 

(tradução Patanga Cordeiro)

 

Invitation

 

With wind and the weather beating round me
Up to the hill and the moorland I go.
Who will come with me? Who will climb with me?
Wade through the brook and tramp through the snow?

Not in the petty circle of cities
Cramped by your doors and your walls I dwell;
Over me God is blue in the welkin,
Against me the wind and the storm rebel.

I sport with solitude here in my regions,
Of misadventure have made me a friend.
Who would live largely? Who would live freely?
Here to the wind-swept uplands ascend.

I am the Lord of tempest and mountain,
I am the Spirit of freedom and pride.
Stark must he be and a kinsman to danger
Who shares my kingdom and walks at my side.

-Sri Aurobindo

Cartões de mensagens de Sri Aurobindo

A casa do Divino não está fechada a qualquer pessoas que bata sinceramente aos seus portões, quaisquer sejam seus erros e tropeços do passado.

 

*

 

O que é exigido de você não é uma entrega passiva, na qual se torna um bloco, mas que coloque a sua vontade à disposição da Vontade Divina.

 

*

 

Ó transcendente em poder-vontade, que não soframos o controle de ninguém, seja na nossa incepção, seja na nossa criação.

 

*

 

Você não consegue cuidar de si mais do que Deus cuida de você.

 

*

 

Toda vida é tão-somente uma farta e multifacetada oportunidade que nos é dada a descobrir, realizar, expressar o divino.

 

*

 

Uma libertação completa e uma perfeição completa da posse completa do Divino e a posse pelo Divino é possível, mas não costuma acontecer por um milagre corriqueiro ou uma série de milagres. A milagre pode ocorrer e ocorre, mas apenas quando há o chamado pleno e completa autodoação.

 

*

 

Viva interiormente; não se abale com acontecimentos exteriores.

 

*

 

Aspire intensamente, mas sem impaciência.

 

*

 

Tudo pode ser feito se o toque-Deus estiver presente.

 

*

 

Todas as coisas mudam na hora transfigurante de Deus.

 

*

 

Mensagens de Sri Aurobindo encontradas em cartões oferecidos a pessoas em ocasiões especiais, digitadas por Chinmoy, aqui traduzidas.

Amor verdadeiro e tudo o mais -Sri Aurobindo

Considere o amor filial, por exemplo. Normalmente ele representa algo das Alturas, mas a forma que toma é completamente deturpada. Se quiser remover esse erro, não deve reprimi-lo, pois então não irá embora de verdade, mas deve sim oferecê-lo à Verdade Elevada. Quando então conhecer a verdade detrás da coisa, não mais estará sujeito à forma falsa que ela costuma assumir. Isso acontece com tudo.

-Sri Aurobindo

Radha – textos de Sri Aurobindo

RadhaRadha é a personificação do amor absoluto pelo Divino, completo e integral em todas as partes do ser, do mais altíssimo espiritual até o físico, trazendo a absoluta auto-doação e completa consagração do ser por completo e chamando ao corpo e à natureza mais material a Felicidade suprema.
Sri Aurobindo. Sri Aurobindo Birth Centenary Library in 30 Volumes. – Volume 23. – Letters on Yoga.-P.2-3

Krishna é Aquele de quem Sri Aurobindo fala aqui, o divino Flautista, isto é, o Divino universal e imanente que é o poder supremo de atração; e a alma, a personalidade psíquica, aqui chamada de Radha, é quem responde ao chamado do Flautista.
The Mother. Collected Works of the Mother.- Volume 8. – Questions And Answers (1956)

Oração da Radha

Ó Tu quem a primeira vista soube que é o Senhor do meu ser e meu Deus, receba a minha oferenda.
Teus são todos os meus pensamentos, todas as minhas emoções, todos os sentimentos do meu coração, todas as minhas sensações, todos os movimentos da minha vida, cada célula do meu corpo, cada gota do meu sangue. Sou absolutamente Tua, Tua sem reservas. O que Tu fizeres de mim, aquilo serei. O que Tu escolheres para mim – vida ou morte, felicidade ou tristeza, prazer ou sofrimento – tudo o que vier de Ti será bemvindo. Cada uma das Tuas dádivas será sempre para mim um presente divino, trazendo consigo a suprema Felicidade.

The Mother. Collected Works of the Mother.- Volume 15. – Words of the Mother

 

Toda música é apenas o som da Sua risada.
Toda beleza, o sorriso do Seu apaixonado deleite;
Nossas vidas são as batidas do Seu coração; nosso enlevo, o noivado
De Radha e Krishna; e nosso amor, o beijo deles.

Sri Aurobindo. Sri Aurobindo Birth Centenary Library in 30 Volumes. – Volume 5. – Collected Poems / Who

O desejo da alma por Deus é nesse caso lançado numa figura simbólica no ciclo de amor lírico de Radha e Krishna, a alma Natureza no homem buscando pela Alma Divina através do amor, dominado e aprisionado pela sua beleza, atraído pela sua mágica flauta, abandonando preocupações e deveres humanos em troca dessa paixão avassaladora e na cadêcia de suas fases, passando do primeiro desejo ao deleite da união, as dores da separação, o eterno anseio e reunião, o lila do amor do espírito humano por Deus.
Sri Aurobindo. Sri Aurobindo Birth Centenary Library in 30 Volumes. – Volume 14. – The Foundations of Indian culture

O Trabalho de um Deus – Sri Aurobindo

O Trabalho de um Deus

 

Reuni meus sonhos num ar prateado

Entre o azul e o dourado

Embrulhei-os gentilmente e deixei-os lá,

Os meus sonhos dourados de ti.

 

Esperava construir uma ponte arco-íris

Unindo o solo ao céu

E semear neste pequeno planeta anão

O sentimento do infinito.

 

Todavia mui reluzentes nossos céus, mui longínquos,

Mui frágeis a substância etérea;

Mui esplêndidos e súbitos que nossa luz não ficaria;

As raízes não seriam fundas suficiente.

 

Aquele que os céus aqui traria

Desceria a esta argila,

O fardo da natureza terrena suportaria,

Trilharia a senda da dor.

 

Coagindo minha divindade eu vim

Para esta sórdida terra,

Ignorante, labutante, criada por homens

Entre os portões da morte e nascimento.

 

Tenho escavado fundo e muito

Dentre um horror de imundície e lodo

Um leito para a canção do rio dourado,

Um lar para o fogo imorredouro.

 

Labutei e sofri na noite da Matéria

Para trazer a chama ao homem;

Mas o ódio do inferno e o rancor humano

São o meu galardão desde o princípio do mundo.

 

Pois a mente do homem é cópia do seu eu animal;

Buscando satisfazer sua luxúria,

Ele guarda dentro de si o grisalho Elfo

Apaixonado pela tristeza e pecado.

 

O grisalho Elfo arrepia-se com a chama do céu

E com todas as coisas boas e puras;

Somente no prazer e paixão e dor

Seu drama continua.

 

Tudo ao redor é escuridão e luta;

Pois as lâmpadas que os homens chamam de sóis

São meros meios brilhos nesta vida recalcitrante

Forjadas pelos Imortais.

 

O homem acende suas pequenas tochas de esperança

Que levam-no a um precipício;

Um fragmento da Verdade é sua maior visão,

Uma estalagem na sua peregrinação.

 

A Verdade das verdades os homens temem e negam,

A Luz das luzes recusam;

A deuses ignorantes eles erguem seu clamor

Ou elegem um altar demoníaco.

 

Tudo que foi encontrado deve novamente ser buscado,

Cada inimigo derrotado revive,

Cada batalha é para sempre travada e retravada

Por horizontes de vidas infrutíferas.

 

Mil e uma são as minhas feridas abertas,

E os reis Titãs atacam,

Mas não posso descansar até que minha tarefa seja completa

E forjada a vontade eterna.

 

Como zombam e vexam, demônios e homens!

“Tua esperança é a cabeça da Quimera

Pintando o céu com sua mancha flamejante;

Tu cairás e teu trabalho jazirá incompleto.

 

“Quem és tu que balbucias de conforto celestial

E alegria e aposento dourado

A nós, órfãos em mares inconscientes

E fadados à férrea perdição da vida?

 

“Esta Terra é nossa, um campo de Noite

Para nossas fogueiras diminutas e oscilantes.

Como ela receberá a Luz espantada

Ou será paciente dos desejos de um Deus?

 

“Venham, mate-mo-no e findemos sua caminhada!

Então nossos corações serão libertos

Do fardo e chamado da sua glória e força

E da muralha da sua vasta e branca paz.”

 

Mas o deus lá está no meu peito mortal,

Lutando contra o erro e destino

Pisando uma estrada em pântano e deserto

Para o inominável Imaculado.

 

Uma voz clama: “Vá onde ninguém foi!

Cave mais fundo, ainda mais fundo

Até que alcance a rígida pedra de fundação

E bata ao portão sem chave.”

 

Via uma falsidade plantada fundo

Na justa raiz das coisas,

Onde a Esfinge cinzenta guarda o sono enigma de Deus

Nas asas abertas do Dragão.

 

Deixei os deuses da mente da superfícice

E os mares insatisfeitos da vida

E mergulhei pelas vielas do corpo cego

Até os mistérios do inferior.

 

Aventurei-me no temeroso coração mudo da Terra

E ouvi o ressoar da sua negra massa.

Vi a origem das suas agonias

E o motivo interior do inferno.

 

Acima de mim os gemem os murmúrios dragões

E revoam as vozes goblins

Trespassei o Vazio de onde nasceu o Pensamento,

Plantei meus pés no poço sem fundo.

 

Numa escadaria desesperada os meus pés pisaram

Armadurados de paz infindável

Trazendo as chamas do esplendor de Deus

Ao abismo humano.

 

Aquele que eu sou ainda comigo;

Todos os véus se partem agora.

Ouvi a Sua voz e suportei a Sua vontade

Na minha vasta e tranquila fronte.

 

O abismo entre profundeza e altitude aproximado,

E águas douradas vertem

Via montanha safira de encostas arco-íris

Reluzindo de margem a margem.

 

O fogo do Céu aceso no seio da terra

E os imorredouros sóis aqui queimam;

Por uma fenda incrível, pelas amarras do nascimento

Os espíritos encarnados anseiam

 

Como chamas aos reinos da Verdade e Bem-Aventurança:

Descendo uma escada vermelho-dourada seguiram

Os radiantes filhos do Paraíso

Anunciando o fim da escuridão.

 

Um pouco mais e as portas da nova vida

Serão esculpidas em luz prateada

Com teto dourado e piso em mosaico

Num grande mundo descoberto e luminoso.

 

Deixarei os meus sonhos no ar argento

Pois numa vestimenta de dourado e azul

Mover-se-á na Terra, incorporado e justo,

A verdade viva que é você.

– Sri Aurobindo 31-7-1935

 

Reference: # 55 in “Les poèmes de Sri Aurobindo” (bilingual edition)
also in “Poems Past and Present” – 5
and “Collected Poems” – 99-102

tradução Patanga Cordeiro

 

Mensagens e frases de Mirra Alfassa, A Mãe

Na completude integral da qualidade absoluta do amor, (que é) a doação de si, reside a condição essencial de perfeita paz, a base indispensável de uma beatitude ininterrupta.

-Mirra Alfassa, The Mother

É justamento quando tudo parece ir de mal a pior que devemos fazer um esforço supremo de fé e saber que a Graça não falha.

-Mirra Alfassa, The Mother

Que poder é o Teu, Ó Senhor de toda a existência, que um átomo da Tua alegria basta para dispertar tantas sombras e dores, que um raio da Tua glória é capaz de iluminar a rocha mais sem vida, a consciência mais negra.

-Mirra Alfassa, The Mother

Senhor, aspiramos por ser Teus valentes guerreiros, para que a Tua glória possa se manifestar na Terra.

– Mirra Alfassa, The Mother

Ó Senhor, tenho um vislumbre da infinita felicidade que é o destino daqueles cuja vida é inteiramente consagrada a Ti.

-Mirra Alfassa, the Mother

Para trilhar o caminho você precisa de uma intrepidez destemida, você nunca deve se trair com esse movimento egoísta, mesquinho, fraco e feio que é o medo.

Um coragem invencível, uma sinceridade perfeita, uma completa auto-doação, a ponto de não calcular ou barganhar, não dar com a ideia de receber, nao se oferecer com a intenção de ser protegido, não ter uma fé que exige provas – isso é indispensável para progredir no caminho – isso apenas pode abrigá-lo de todos os perigos.

– Mirra Alfassa, The Mother

Poemas e escritos poéticos de Sri Aurobindo

Um Amor ardente de brancas

fontes espirituais

Anulou a tristeza das

profundezas ignorantes;

O sofrimento se perdeu

em seu sorriso imortal.

 

  • Sri Aurobindo

Na completude integral da qualidade absoluta do amor, (que é) a doação de si, reside a condição essencial de perfeita paz, a base indispensável de uma beatitude ininterrupta.

-Mirra Alfassa, The Mother

É justamento quando tudo parece ir de mal a pior que devemos fazer um esforço supremo de fé e saber que a Graça não falha.

-Mirra Alfassa, The Mother

Que poder é o Teu, Ó Senhor de toda a existência, que um átomo da Tua alegria basta para dispertar tantas sombras e dores, que um raio da Tua glória é capaz de iluminar a rocha mais sem vida, a consciência mais negra.

-Mirra Alfassa, The Mother

Senhor, aspiramos por ser Teus valentes guerreiros, para que a Tua glória possa se manifestar na Terra.

– Mirra Alfassa, The Mother

Para a alegria

E não para a dor

A Terra foi criada.

 

  • Sri Aurobindo

 

Ó Senhor, tenho um vislumbre da infinita felicidade que é o destino daqueles cuja vida é inteiramente consagrada a Ti.

-Mirra Alfassa, the Mother

O Divino se dá àqueles que se dão sem reservas e em todas as suas partes ao Divino. Para eles é a calma, a luz, o poder, o deleite, a liberdade, a amplitude, as altitudes do conhecimento, os mares da Bem-aventurança.

-Sri Aurobindo

Aja sempre como se sob o olhar do próprio Supremo e da Mãe Divina. Nada faça, nada pense, nada sinta que seja indigno da Presença Divina.

-Sri Aurobindo

Você precisa fazer crescer em si a paz que nasce da certeza da vitória.

-Sri Aurobindo

Para trilhar o caminho você precisa de uma intrepidez destemida, você nunca deve se trair com esse movimento egoísta, mesquinho, fraco e feio que é o medo.

Um coragem invencível, uma sinceridade perfeita, uma completa auto-doação, a ponto de não calcular ou barganhar, não dar com a ideia de receber, nao se oferecer com a intenção de ser protegido, não ter uma fé que exige provas – isso é indispensável para progredir no caminho – isso apenas pode abrigá-lo de todos os perigos.

– Mirra Alfassa, The Mother

 

…Abra a minha mente, o meu coração, a minha vida à sua Luz, ao seu Amor, ao seu Poder. Que em todas as coisas eu possa enxergar o Divino.

-Sri Aurobindo

Mantra oferecido a um aluno (em tradução ao português)

Letters on Himself and the Ashram

Voltar-se para o Divino é a única verdade na vida.

-Sri Aurobindo

“O Ideal do Perdão”

(Primeira publicação em 1956)

 

Lentamente, a rainha das virgens astrais se move

Através do abraço gigante das abundantes nuvens.

Abaixo, o córrego sinuoso murmura alto.

O panorama melancólico da luz da lua

Captura os corações dos amantes do cerne da beleza.

O esplendor e o deleite da nossa terra agora surge sublime.

O transe que guia a cabana de puro-fogo de Vasishtha

Está muito longe da visão distorcida de todos os mortais.

Suas árvores e botões e flores não têm igual.

A enxurrada de suas magníficas torrentes compele

O Éden a se curvar a elas com todo o seu brilho.

Um dardo de dores sombrias tortura o seu coração.

Ele chora bem alto: “Oh Senhor! Olhe minhas faltas.

Meu orgulho foi quebrado, eu agora sou uma coisa digna de pena.”

 

A quintessencia da profunda paz nos olhos do seu sábio,

Com um sorriso luminoso Vasishtha ordena em silêncio:

“Arundhati! Eu desejo um pouco de sal do poderoso sábio

Vishwamitra, portanto, corra.”

“Suas palavras abalaram todo o meu corpo, eu vejo a minha desgraça.

As tristezas do mundo todo crescem dentro de mim.

Ora! Nenhuma alma para acalmar o meu coração triste.

Foi Vishwamitra, o rei cruel,

Quem massacrou meus cem filhos de conhecimento sem fim.

A canção do espírito-sentimental dos meus filhos

Eu não ouvirei mais; que falta! Meu coração não mais

Sente a calma e a alegria deles no olhar atento do Espírito.

Você, meu Senhor, é a raiz das dores do meu coração.

Pois você passou para além das grades eternas

Aqueles atiradores-heróis arrancados da minha carne.

 

Por que a sua voz ficou por trás das palavras guardadas

‘Vishwamitra, o maior dos sábios verdadeiramente’?”

Pelas profundezas da noite Vasishtha desvelou a verdade.

“O meu amor por ele é ilimitado, Arundhati.

Faíscas infinitas de generosidade queimam dentro de mim.

O conhecimento supremo ele ainda tem que fingir: Então

Como eu posso falsamente entitulá-lo Brahman-seguidor?

Seu coração arde por ser o vidente divino.

Únicas, são suas asas flamejantes de elevada aspiração.”

 

Tremendo enrubescido de revolta veio

Vishwamitra, cego, diante da palavra do sábio.

“Agora chega, eu o matarei, se ele continuar

Não me nomeando como o sábio Deus-onisciente.”

Repentinamente, uma revelação em forma de visão apareceu em sua mente

Conforme ouviu as generosas palavras do inigualável vidente.

Caiu curvado e beijou os pés sagrados do Mestre.

“Levante, Oh rei de todos os videntes, levante.”

“Ora! Meu senhor, não envergonhe este eu mortal.

Os olhos de titãs das minhas crueldades nuas

Não merecem, eu bem sei, o seu divino perdão.”

 

Do alto da serena-vastidão Vasishtha falou:

“Que necessidade urgente impele o seu raro advento?”

A voz arrasada de Vishwamitra murmurou:

“Meu coração agora flameja para possuir Brahman, o Único.

O Senhor do meu coração preenche o meu desejo branco.”

“Corra para Ananta – a Serpente eterna,

O condutor sem fim dessa esfera criada.

Não duvide que o meu amor sempre irá ancorar a sua alma.”

“Oh Senhor Ananta! Eu invoco a sua graça sublime.

Revele o caminho iluminado para conhecer o Único.”

“Vishwamitra, este estupendo poder eu tenho.

Mas antes que eu satisfaça a sua escolha, a sua força divina

Eu preciso avaliar. Torne-se agora todo ouvidos.

Você vê o globo terrestre? – toda essa vastidão é minha!

Se a sua força tem certeza de segurar esse peso grandioso

A você eu darei o conhecimento do Único.”

O orgulhoso rei-sábio replicou: “Sobre a minha cabeça

Largue tudo: eu sustentarei o peso gigantesco da terra.”

Veja! Ele afundou no enorme golfo do desastre.

Ora! Rapidamente o globo movimentou os seus sentidos,

Terror incessante torturou as suas veias pulsantes.

Nenhuma vontade-vulcânica poderia acalmar o universo,

Um tenebroso vazio diante da sua mera forma humana.

Mas Ananta sorriu e falou: “Por fim você foi conhecedor

Do tamanho do seu poder. Ouça-me, Oh sábio!

Use para a sua força os frutos da companhia

Das almas sagradas, se alguma você conhecesse.

Chama para a sua ajuda de uma vez, a memória

Do elevado humor delas. Longe de você passará o

Perigo.” Num piscar de olhos o gigantesco nome de Vasishtha

Surgiu na sua mente. O elevado comando de Ananta

Ele cumpriu. A terra era toda silêncio.

A tranquilidade inundava o seu coração.

“Oh tolo imprudente! Implore a generosidade de Vasishtha.

Ninguém na terra além dele pode satisfazer a sua fome.

O enorme poder da sua brilhante presença

Salvou você de conjunturas perigosas e fortaleceu o seu coração

Para suportar a terra colossal, Oh alma cega!

Vá e ore por seu refúgio, o tempo passa rápido.”

 

Ele voltou à elevada cabana de Vasishtha.

Quão profunda a sua tristeza, nenhuma alma na terra pode sonhar.

“Oh Mestre, eu imploro a seus pés ilustres,

Eu oro, não me mande embora dessa vez.”

“Sua aspiração como elevada-águia recebe a Coroa.

Vishwamitra, a você eu dou a vitória.

A inveja e o orgulho poderiam ter velado a sua mente e então

O conhecimento supremo eu não lhe dei anteriormente.

A mente humilde e o coração valente o ganham agora.”

 

O que é a névoa da quimera ou o milagre de hoje

Foi a divina e imaculada verdade de outrora.

Imensurável por nossos pensamentos humanos

Era a presença e o poder iluminado do régio Vasishtha.

Mas lá do Alto almas ainda mais incomparáveis

Virão sobre a nossa imperecível Índia.

O poder dos antigos videntes vai desaparecer

Diante das almas que virão com uma nova Luz;

E ela se sentará no trono de esplendor do mundo.

 

Impresso primeiramente na publicação entitulada O Infinito: Sri Aurobindo, pág. 19, pelo Ashram de Sri Aurobindo, Pondicherry, Índia, em 1956.

trecho traduzido de Sri Aurobindo

 

“A velocidade da musa esteve incorporada na imagem do Pégaso, o cavalo celestial da lenda grega. Através das rápidas batidas dos seus cascos na rocha que Hippocrene fluiu. As águas da Poesia fluem numa corrente ou numa torrente. Onde há pausa ou falta, tal é o sinal de obstrução no córrego da mente que as águas escolheram como leito e receptáculo. Na Índia existe a mesma ideia. Saraswati é para nós a deusa da poesia, e seu nome significa o córrego, ou “aquela que se movimenta num fluxo”. Mas mesmo Saraswati é apenas um intermediário. Ganga (n.d.t: o rio Ganges) é a verdadeira genitora da inspiração; é ela quem flui impetuosamente a partir da cabeça de Mahadev, o Deus alto entronado, pelos himalaias da mente e pelas casas e cidades do homem. Toda a poesia é uma inspiração, uma coisa insuflada a partir das alturas no órgão pensante. Ela se guarda na mente, mas nasce no princípio mais elevado do conhecimento direto ou visão ideal que ultrapassa a mente. Em verdade, é uma revelação. O poder profético ou revelador enxerga a substância; a inspiração discerne a expressão correta. Nenhuma delas é produzida. Também a poesia não é uma poiesis ou composição, e nem mesmo uma criação, mas antes a revelação de algo que existe eternamente. Os ancestrais sabiam dessa verdade e utilizaram a mesma palavra para poeta e profeta, criador e vidente, sophos, vates, kavi.

“Mas há diferença na manifestação. A maior movimentação da poesia ocorre quando a mente é silente e o princípio ideal age acima e fora do cérebro, acima mesmo do lótus de cem pétalas da mente ideal, no seu próprio império; então o que se revela é o Veda, a substância perfeita e expressão da verdade eterna. Essa ideação superior transcende a genialidade, assim como a genialidade transcende o intelecto e percepção ordinárias. Contudo, essa grande faculdade continua além do nível normal da nossa evolução. Costumamos ver a ação da poesia revelação e inspiração vindo diretamente dos centros corretos nua e forte, simples e sublime, ou rica e esplêndida; ou pode se fazer romântica ou clássica; mas sempre será sentida como a coisa certa para o seu propósito; nobre ou exuberante inevitável.”

“…

Flores e árvores são a poesia da Natureza; o jardineiro é um poeta romântico que adiciona riqueza, complexidade em efeitos e simetria a uma língua antes discernida em simplicidade, franqueza e implícitas cor e encanto.

O som é mais essencial à poesia do que o sentido…

Um pensamento nobre enquadrado numa sentença hábil sempre encantará por sua virtude de completude preenchedora, mas nunca transportará a sublime agonia de enlevo que uma linha de melodia perfeita traz a uma alma sensível.

– Sri Aurobindo, Stray Thoughts

O único propósito da Arte é descobrir beleza interior e exterior. E a Arte é em si uma autoexpressão dos diferentes níveis de Consciência.

O misterioso slogan “Arte por amor à Arte” expressado por Victor Cousin é, no entanto, apenas parcialmente verdade. Citando Sri Aurobindo: “Certamente Arte por amor à Arte – Arte como uma forma perfeita e uma descoberta de Beleza; mas também a Arte por amor à alma, por amor ao espírito e pela expressão de tudo que a alma, o espírito, quer alcançar através do meio que é a Beleza.”

 

____________________

Pérolas de Sabedoria do Ocidente e comentários devotados de Sri Chinmoy, extraídos do livro Pensadores-Filósofos do Ocidente, editora Agbook

Na completude integral da qualidade absoluta do amor, (que é) a doação de si, reside a condição essencial de perfeita paz, a base indispensável de uma beatitude ininterrupta. -Mirra Alfassa, The Mother

Na completude integral da qualidade absoluta do amor, (que é) a doação de si, reside a condição essencial de perfeita paz, a base indispensável de uma beatitude ininterrupta.

-Mirra Alfassa, The Mother

que um átomo da Tua alegria basta para dispertar tantas sombras e dores -Mirra Alfassa, The Mother

Que poder é o Teu, Ó Senhor de toda a existência, que um átomo da Tua alegria basta para dispertar tantas sombras e dores, que um raio da Tua glória é capaz de iluminar a rocha mais sem vida, a consciência mais negra.

-Mirra Alfassa, The Mother

O Divino se dá àqueles que se dão sem reservas e em todas as suas partes ao Divino. -Sri Aurobindo

O Divino se dá àqueles que se dão sem reservas e em todas as suas partes ao Divino. Para eles é a calma, a luz, o poder, o deleite, a liberdade, a amplitude, as altitudes do conhecimento, os mares da Bem-aventurança.

-Sri Aurobindo

Para trilhar o caminho você precisa de uma intrepidez destemida… – Mirra Alfassa, The Mother

Para trilhar o caminho você precisa de uma intrepidez destemida, você nunca deve se trair com esse movimento egoísta, mesquinho, fraco e feio que é o medo.

Um coragem invencível, uma sinceridade perfeita, uma completa auto-doação, a ponto de não calcular ou barganhar, não dar com a ideia de receber, nao se oferecer com a intenção de ser protegido, não ter uma fé que exige provas – isso é indispensável para progredir no caminho – isso apenas pode abrigá-lo de todos os perigos.

– Mirra Alfassa, The Mother

 

Abra a minha mente, o meu coração, a minha vida à sua Luz, ao seu Amor, ao seu Poder… – Sri Aurobindo

…Abra a minha mente, o meu coração, a minha vida à sua Luz, ao seu Amor, ao seu Poder. Que em todas as coisas eu possa enxergar o Divino.

-Sri Aurobindo

Mantra oferecido a um aluno (em tradução ao português)

Letters on Himself and the Ashram

O Ideal do Perdão – Sri Chinmoy

“O Ideal do Perdão”

(Primeira publicação em 1956)

 

Lentamente, a rainha das virgens astrais se move

Através do abraço gigante das abundantes nuvens.

Abaixo, o córrego sinuoso murmura alto.

O panorama melancólico da luz da lua

Captura os corações dos amantes do cerne da beleza.

O esplendor e o deleite da nossa terra agora surge sublime.

O transe que guia a cabana de puro-fogo de Vasishtha

Está muito longe da visão distorcida de todos os mortais.

Suas árvores e botões e flores não têm igual.

A enxurrada de suas magníficas torrentes compele

O Éden a se curvar a elas com todo o seu brilho.

Um dardo de dores sombrias tortura o seu coração.

Ele chora bem alto: “Oh Senhor! Olhe minhas faltas.

Meu orgulho foi quebrado, eu agora sou uma coisa digna de pena.”

 

A quintessencia da profunda paz nos olhos do seu sábio,

Com um sorriso luminoso Vasishtha ordena em silêncio:

“Arundhati! Eu desejo um pouco de sal do poderoso sábio

Vishwamitra, portanto, corra.”

“Suas palavras abalaram todo o meu corpo, eu vejo a minha desgraça.

As tristezas do mundo todo crescem dentro de mim.

Ora! Nenhuma alma para acalmar o meu coração triste.

Foi Vishwamitra, o rei cruel,

Quem massacrou meus cem filhos de conhecimento sem fim.

A canção do espírito-sentimental dos meus filhos

Eu não ouvirei mais; que falta! Meu coração não mais

Sente a calma e a alegria deles no olhar atento do Espírito.

Você, meu Senhor, é a raiz das dores do meu coração.

Pois você passou para além das grades eternas

Aqueles atiradores-heróis arrancados da minha carne.

 

Por que a sua voz ficou por trás das palavras guardadas

‘Vishwamitra, o maior dos sábios verdadeiramente’?”

Pelas profundezas da noite Vasishtha desvelou a verdade.

“O meu amor por ele é ilimitado, Arundhati.

Faíscas infinitas de generosidade queimam dentro de mim.

O conhecimento supremo ele ainda tem que fingir: Então

Como eu posso falsamente entitulá-lo Brahman-seguidor?

Seu coração arde por ser o vidente divino.

Únicas, são suas asas flamejantes de elevada aspiração.”

 

Tremendo enrubescido de revolta veio

Vishwamitra, cego, diante da palavra do sábio.

“Agora chega, eu o matarei, se ele continuar

Não me nomeando como o sábio Deus-onisciente.”

Repentinamente, uma revelação em forma de visão apareceu em sua mente

Conforme ouviu as generosas palavras do inigualável vidente.

Caiu curvado e beijou os pés sagrados do Mestre.

“Levante, Oh rei de todos os videntes, levante.”

“Ora! Meu senhor, não envergonhe este eu mortal.

Os olhos de titãs das minhas crueldades nuas

Não merecem, eu bem sei, o seu divino perdão.”

 

Do alto da serena-vastidão Vasishtha falou:

“Que necessidade urgente impele o seu raro advento?”

A voz arrasada de Vishwamitra murmurou:

“Meu coração agora flameja para possuir Brahman, o Único.

O Senhor do meu coração preenche o meu desejo branco.”

“Corra para Ananta – a Serpente eterna,

O condutor sem fim dessa esfera criada.

Não duvide que o meu amor sempre irá ancorar a sua alma.”

“Oh Senhor Ananta! Eu invoco a sua graça sublime.

Revele o caminho iluminado para conhecer o Único.”

“Vishwamitra, este estupendo poder eu tenho.

Mas antes que eu satisfaça a sua escolha, a sua força divina

Eu preciso avaliar. Torne-se agora todo ouvidos.

Você vê o globo terrestre? – toda essa vastidão é minha!

Se a sua força tem certeza de segurar esse peso grandioso

A você eu darei o conhecimento do Único.”

O orgulhoso rei-sábio replicou: “Sobre a minha cabeça

Largue tudo: eu sustentarei o peso gigantesco da terra.”

Veja! Ele afundou no enorme golfo do desastre.

Ora! Rapidamente o globo movimentou os seus sentidos,

Terror incessante torturou as suas veias pulsantes.

Nenhuma vontade-vulcânica poderia acalmar o universo,

Um tenebroso vazio diante da sua mera forma humana.

Mas Ananta sorriu e falou: “Por fim você foi conhecedor

Do tamanho do seu poder. Ouça-me, Oh sábio!

Use para a sua força os frutos da companhia

Das almas sagradas, se alguma você conhecesse.

Chama para a sua ajuda de uma vez, a memória

Do elevado humor delas. Longe de você passará o

Perigo.” Num piscar de olhos o gigantesco nome de Vasishtha

Surgiu na sua mente. O elevado comando de Ananta

Ele cumpriu. A terra era toda silêncio.

A tranquilidade inundava o seu coração.

“Oh tolo imprudente! Implore a generosidade de Vasishtha.

Ninguém na terra além dele pode satisfazer a sua fome.

O enorme poder da sua brilhante presença

Salvou você de conjunturas perigosas e fortaleceu o seu coração

Para suportar a terra colossal, Oh alma cega!

Vá e ore por seu refúgio, o tempo passa rápido.”

 

Ele voltou à elevada cabana de Vasishtha.

Quão profunda a sua tristeza, nenhuma alma na terra pode sonhar.

“Oh Mestre, eu imploro a seus pés ilustres,

Eu oro, não me mande embora dessa vez.”

“Sua aspiração como elevada-águia recebe a Coroa.

Vishwamitra, a você eu dou a vitória.

A inveja e o orgulho poderiam ter velado a sua mente e então

O conhecimento supremo eu não lhe dei anteriormente.

A mente humilde e o coração valente o ganham agora.”

 

O que é a névoa da quimera ou o milagre de hoje

Foi a divina e imaculada verdade de outrora.

Imensurável por nossos pensamentos humanos

Era a presença e o poder iluminado do régio Vasishtha.

Mas lá do Alto almas ainda mais incomparáveis

Virão sobre a nossa imperecível Índia.

O poder dos antigos videntes vai desaparecer

Diante das almas que virão com uma nova Luz;

E ela se sentará no trono de esplendor do mundo.

 

Impresso primeiramente na publicação entitulada O Infinito: Sri Aurobindo, pág. 19, pelo Ashram de Sri Aurobindo, Pondicherry, Índia, em 1956.

As Fontes da Poesia, por Sri Aurobindo

trecho traduzido de Sri Aurobindo

 

“A velocidade da musa esteve incorporada na imagem do Pégaso, o cavalo celestial da lenda grega. Através das rápidas batidas dos seus cascos na rocha que Hippocrene fluiu. As águas da Poesia fluem numa corrente ou numa torrente. Onde há pausa ou falta, tal é o sinal de obstrução no córrego da mente que as águas escolheram como leito e receptáculo. Na Índia existe a mesma ideia. Saraswati é para nós a deusa da poesia, e seu nome significa o córrego, ou “aquela que se movimenta num fluxo”. Mas mesmo Saraswati é apenas um intermediário. Ganga (n.d.t: o rio Ganges) é a verdadeira genitora da inspiração; é ela quem flui impetuosamente a partir da cabeça de Mahadev, o Deus alto entronado, pelos himalaias da mente e pelas casas e cidades do homem. Toda a poesia é uma inspiração, uma coisa insuflada a partir das alturas no órgão pensante. Ela se guarda na mente, mas nasce no princípio mais elevado do conhecimento direto ou visão ideal que ultrapassa a mente. Em verdade, é uma revelação. O poder profético ou revelador enxerga a substância; a inspiração discerne a expressão correta. Nenhuma delas é produzida. Também a poesia não é uma poiesis ou composição, e nem mesmo uma criação, mas antes a revelação de algo que existe eternamente. Os ancestrais sabiam dessa verdade e utilizaram a mesma palavra para poeta e profeta, criador e vidente, sophos, vates, kavi.

“Mas há diferença na manifestação. A maior movimentação da poesia ocorre quando a mente é silente e o princípio ideal age acima e fora do cérebro, acima mesmo do lótus de cem pétalas da mente ideal, no seu próprio império; então o que se revela é o Veda, a substância perfeita e expressão da verdade eterna. Essa ideação superior transcende a genialidade, assim como a genialidade transcende o intelecto e percepção ordinárias. Contudo, essa grande faculdade continua além do nível normal da nossa evolução. Costumamos ver a ação da poesia revelação e inspiração vindo diretamente dos centros corretos nua e forte, simples e sublime, ou rica e esplêndida; ou pode se fazer romântica ou clássica; mas sempre será sentida como a coisa certa para o seu propósito; nobre ou exuberante inevitável.”

“…

Pensamentos sobre a poesia – Sri Aurobindo

Flores e árvores são a poesia da Natureza; o jardineiro é um poeta romântico que adiciona riqueza, complexidade em efeitos e simetria a uma língua antes discernida em simplicidade, franqueza e implícitas cor e encanto.

O som é mais essencial à poesia do que o sentido…

Um pensamento nobre enquadrado numa sentença hábil sempre encantará por sua virtude de completude preenchedora, mas nunca transportará a sublime agonia de enlevo que uma linha de melodia perfeita traz a uma alma sensível.

– Sri Aurobindo, Stray Thoughts

Mas também a Arte por amor à alma – Sri Aurobindo

O único propósito da Arte é descobrir beleza interior e exterior. E a Arte é em si uma autoexpressão dos diferentes níveis de Consciência.

O misterioso slogan “Arte por amor à Arte” expressado por Victor Cousin é, no entanto, apenas parcialmente verdade. Citando Sri Aurobindo: “Certamente Arte por amor à Arte – Arte como uma forma perfeita e uma descoberta de Beleza; mas também a Arte por amor à alma, por amor ao espírito e pela expressão de tudo que a alma, o espírito, quer alcançar através do meio que é a Beleza.”

 

____________________

Pérolas de Sabedoria do Ocidente e comentários devotados de Sri Chinmoy, extraídos do livro Pensadores-Filósofos do Ocidente, editora Agbook