Foi assim que eu a vi. -Alphonsus de Guimaraens

Foi assim que eu a vi. Desse momento
a lembrança tranqüila vem-me do alto
– sonho de rosas num país nevoento,
de que afinal acordo em sobressalto.

Fugiu-me essa visão: de novo tento
firmar os passos para um novo assalto.
Mas que farás, pobre homem sem alento,
tu, cego da alma e de coragem falto!

Que farás, coração que te magoas,
na tua timidez contemplativa,
só, tão longe das almas que são boas!

Que farás, alma, tu que louca e pasma,
seguindo embora o rastro de uma viva,
beijas os passos longos de um fantasma!

-Alphonsus de Guimaraens

Melhores Poemas, Global Editora, 1985